Segundo especialistas, as eleições de 2018 foram as mais movimentadas e intensas dos últimos anos e contando com a participação e interação de um grande número de eleitores. Essa interação também gerou muita comoção e reações, seja de temor, ansiedade, medo e até agressividade diante dos discursos que estavam sendo apresentados pelos presidenciáveis. Mas, será que é possível a população voltar à sua rotina sem que esses transtornos interfiram no seu dia a dia?
O professor e cientista político Ricardo Alaggio pontua que, dificilmente, as pessoas voltarão à normalidade nos próximos quatro anos. De acordo com o especialista, o País está polarizado desde 2014, quando na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff a economia do Brasil ficou abalada, assim como as denúncias de Lava Jato e o não cumprimento das promessas feitas durante a sua campanha eleitoral.
“A partir daí vimos o crescimento dessa polarização de oposição ao PT, o que levou ao impeachment em 2016, avançando ainda mais nos anos seguintes. Hoje, vemos que o antipetismo é a principal força política no momento, aquele discurso contra a esquerda e isso tende a perdurar por mais algum tempos. Nunca vimos tanta mobilização como antes. Muitas pessoas falaram que iriam anular o votou ou se abster, mas pudemos observar que foi diferente e muitos foram às urnas”, explica o cientista político.
Em razão dos embates durante a campanha eleitoral, aperto de mão como este ficará mais difícil entre os mais exaltados. Foto: Jailson Soares/Reprodução
Com relação às reações que foram percebidas, contra e a favor dos candidatos que concorreram ao cargo de presidente, Ricardo Alaggio destaca que ainda permanecerá por mais alguns meses e cita as eleições dos Estados Unidos como referência. Segundo ele, pesquisas apontam que, após três meses do pleito que elegeu Donald Trump, muitas pessoas desenvolveram algum tipo de transtorno e precisam buscar ajuda de especialista.
“Isso vai demorar, mas esses transtornos vão esmaecer, assim como ocorreu nos Estados Unidos. Os médicos detectaram estresse, mas pessoas três meses depois, mas isso é algo que tende a acalmar. Já a luta política não vai acalmar, uma vez que são candidatos com ideias contrárias e que não vão chegar a um consenso, mas os eleitores tentem a diminuir com esse revés”, cita.
Ele enfatiza que as pessoas se envolveram de forma muito intensa e isso acaba gerando um sentimento muito expressivo quando seu candidato ganha ou perde. Para o cientista político, a população irá sofrer com o resultado, seja ele qual for sobretudo por conta das propostas que foram apresentadas e que geraram certa comoção nos eleitores, especialmente a minoria.
“Vivemos em uma democracia, então precisamos evitar a polarização. Se elegeram esse candidato é porque a maioria quis, então, cabe aos que não votaram neste candidato aceitar, tentar lidar da melhor forma e lutar para que os seus ideais e propostas possam vir a ser realizados nos próximos quatro anos. Isso é a democracia, é a aceitação do outro”, finaliza.